8 de março de 2007

UNDERGROUND

Copyright© Flávio Andrade

Na mesa, o tabaco onde homens de pão de lata em cinza

conservam o fumo no duche de pedras nuas,

em que os filhos pretos de raiva

misturam ideias vazias no prato de sopa.

AH! Mafalda, Mafalda!

Porque é que não és a janela do umbigo de Dentes ocos.

Palavras, palavras.

Trás! Trás! - Bateu o vento.

Os homens de pão de lata em cinza desataram a gritar:

Foda-se! Foda-se!

A luz da madrugada rompe a escuridão da noite

e os homens de pão de lata em cinza

saltitam no esgoto da mesa a vida.

Sombras de cão que vadiam ao luar

pelo candeeiro que na janela da rua,

os pássaros cagam liberdade.

A noite esvai-se.

E, num soluço é dia.

Flávio Andrade

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