21 de março de 2007

Prima Vera

És tu prima?
Ou a Vera?
Talvez a primavera…
Entre tranças de folhas,
Suavemente nasce
Sol ri raio rio
Metamorfose
Inteira e bela
Esvoaça
Penugens piam
Galhos semeiam
Liberdade

Prima e click
Chegou a Vera
Primavera
Sorrisos e harmonia
Natural e fundamental
Azul verde vermelho
É de toda a gente
Terra ar fogo gelo
Cian amarela magenta
Natureza cosmos
Vera!
Prima…
Chegaste por bem
Primavera

Flankus

14 de março de 2007

Tô Tô


Copyright© Flávio Andrade

Espera...

Pip...pip...
Péra tele pêra tv
pip...pip...
Espera one pêra tone..
pip...pip...
Espera fone tele tv
pip...pip...
Telefone merdofone sacofone telélé
pip...pip...
Pia mia ladra uiva
pip...pip...
Uma uva se se se pópó
tic...tic...
Pi pi pi pipi...
Pum!


Flávio Andrade

O A p e t i t e d o M á r i o






Copyright© Flávio Andrade

Um dia conheci o Mário, um rapaz alegre. Estudante de representação e a formar um grupo de teatro.

Após um jantar, entre bicas, risos, gargalhadas e vinho, o Mário demonstrou ainda algum “apetite”, comentando ser capaz de introduzir uma das suas mãos, toda dentro da sua própria boca.

Vejam só! Será possível? pensei eu para comigo. E não é que conseguiu mesmo! Satisfazendo a curiosidade dos demais presentes.

Por instantes, lembrei-me do mundo maravilhoso das 24 imagens por segundo – o cinema. Imaginei imagens arrastadas demonstrando o efeito de movimento produzido por uma obturação lenta da câmara, utilizando uma iluminação dura e directa.

De imediato não resisti a pedir-lhe que me deixasse registar fotograficamente a representação que acabara de ver do seu “apetite”. Prontamente se disponibilizou, sorrindo. Marcamos a sessão para uns dias a seguir.

Preparei o estúdio improvisado em casa de um amigo comum; como fundo utilizei umas cortinas pretas. Carreguei a câmara de 35mm com a clássica película da Kodak a preto e branco, Tri-x 400, montei a câmara no tripé, liguei o projector de 500 watts da loja do Aki comprado para o efeito.

O Mário tirou a t-shirt e colocou-se em tronco nú. Enquadrei de forma a tê-lo a meio corpo no visor, foquei e medi a luz. Pedi-lhe então que começasse.

Pouco a pouco ia introduzindo a sua mão direita na boca, tal como tinha feito dias antes no restaurante. Enquanto o fazia a assistência aumentara, não só estava eu, ele e o nosso amigo, como também mais duas amigas acabadas de chegar, que não paravam de rir espantadas com tal cena.

Fotograma após fotograma o Mário foi “desaparecendo”, senti que a sessão estava a correr-me bem. A utilização de várias velocidades lentas permitiam-me pensar que sim.

O efeito de movimento foi tal que ao fim de uma hora e meia e alguns rolos, o Mário desapareceu ficando apenas o fundo escuro do cenário.

O Mário só foi encontrado no dia em que revelei a película. E não era para menos, com tanto meter e tirar a mão da boca, o coitado fugiu esfomeado.


Flankus

Almofada de orgasmos


Copyright© Flávio Andrade

Sniff…Sniff…
Alguma vez pensei nisto?
Não sei…Sei que acordei com a sensação de que a minha almofada era orgasmica.
Será possível?
Olhei para ela ainda agora, após três voltas de regresso à cama e lá estava ela gemendo de prazer.
Ai…ui…ai…ui…a….
Olhei-a nos olhos, ela a mim, voltou-se e teve mais um…
Ahhhhhhhhhhhhh! Gritei!
Como aquela criatura branca, fofa que nos aconchega a cabeça e nos acomoda o pescoço, poderia estar a ter orgasmos múltiplos, assim?
Sinceramente é muito estranho, nem eu que penso ser open mind, entendo.
Conto-vos isto por ser real, pelo menos para mim, que me belisco e me sinto.
Toda molhada! …Como me vou eu deitar nela outra vez?
Tantos sonhos que tive nela e com ela, e ela faz-me uma coisa destas, não mereço!
(Após alguns momentos em silêncio tive uma ideia).
Bem! Vou tentar trocar-lhe a fronha, pode ser que ela pare e me deixe repousar nela…
Troquei então a fronha por uma azul mar, que cheirosa e macia, como vai ser bom me deliciar nela…hummm… Pensei eu.
Mas qual quê, ela assim que se sentiu coberta por uma fronha macho, veio-se que nem uma perdida!
Ai…ui…ai…ui…aaaa….
E eu nada podia fazer…
Gemia e contorcia-se de prazer a descarada, nem a minha presença a incomodava.
Ai…ui…ai…ui…aaaa….
Uma sem vergonha é o que ela é!
Não sabia mais o que fazer…
Cansado e cheio de sono, adormeci com a cabeça na esquina do décimo terceiro degrau da escada.

Acordei envolto em abraços.


Flankus

11 de março de 2007

TRANSFIGURADO

Copyright© Flávio Andrade

A existência de um dia D, 11 conto tantos,
pela valeta da humana bulimia,
saca a testa do penedo domado pela ineficácia dormente.

Rasga a franja da nuvem de riscos de solavancos medonhos
e acorda a vergonha da indiferença homem sem alma.
Vê se pára aí um cagalhão comestível?

Ou melhor uma bufa respirante
e sufoca de ignóbil satisfação homenzinho restolho!

Peidaste-te de violência sem perdão,
agora és o esgoto da tua manifestação sem fim.
Escroto humanóide!

Estamos bem sim senhor!
Era assim que acordou ao fim do último sinfónico soluço,
o patamar de indigesto mantos.

Nem a triturada sagrada e peristáltica santidade se veio pelo cano da galhofa paneleira.
Eram tantos os profanos maneiros e sagazes debutantes, que a escritura de nada valeu ao escrivão dedicado da história.

Poderosos cagões e rotos comilões, os endireitados sifões se fodiam uns aos outros pelos seus cus debuxados, enquanto suas cachorras aparentes motoristas comiam.

A vida malhada e sufocada estremecia sem sombra de descanso.
Torres mestras ruíam e voadores pensamentos endoideciam merdosos, a segurança metafórica de um prazer plástico.
Sem pensamento.
Fome mata a terra vermelha e sangue escorre por todo o lado, enquanto vagueia a alta indecência dos aparentemente normais ditos pois, Senhores do Mundo.

Vivendo infelizes e sem amor, a foda reina nesta pantomina de saborosos deleites.

Flankus

9 de março de 2007

Vómito?


Copyright© Flávio Andrade

Remoendo pela Constantinopla água de gustação periférica
amontoaram-se simplesmente o transbordar de peitos mimos
na caótica melancolia da sauna perlimpimpim.
Era assim só ?
O trânsito eunuco, incomensurável som, flamejava a orla do pantanal mindinho.
Mas antes do nada, pó, pi, pá, pé, pu!!!
Vagamente sente-se a terra no peristáltico salto de cangas,
soou um traz ou não?
Para quê tanto desabafo?
Eram apenas rolantes peidos.
Alguns princípios de mar sem sal azimutais pela calada tenra da sobrancelha quisto ralé.
Nem cão havia por perto. Como assim?
Percorreu-me um taipe de indigestões sumarentas entre naipes de cangaços ziguezagueantes.
Em pé de testa de pau viscosamente saia.
Um traste cor de seara amarelecida segurando um protótipo de charrua electrónica e fumegante.
Passou a dor!

Flankus

Brisa do Norte

As veias lençóis desdobram-se,
É carne!
Por dentro completam a busca,
em brancos corpos de espuma.
Buscam e tornam a buscar...
veias, meias, teias.
Emparelhadas.
Ventos novos semeiam.
O suor de vendavais.
A luz relembra o norte,
sentido em terra adormecido.

Flankus

BRUXACRISE


Copyright© Flávio Andrade

Porcos em galhos chafurdando a vaidade,

onde a inveja é pastilha elástica no cabelo.
És bruxo ou miséria Bush?
Cagas de fininho ou tripas à moda do porco?
Varinha de cão na ramela do cú.
Tridente quente pente e mente ó Zé...
Diabinho filhinho de gosmas de pus.
Verdes vespa divã satã e capa clã.
Vermelho cuspo,
dentes musgo,
benta cruz onde te pus?
Piolho chapéu,
vassoura céu,
rouca mentira lixo.
Nicho de pó ou bicho só?
Vara de folhas e miudos no tacho,
no fim apenas um choro de gaspacho.

Flávio Andrade

Conversas de Plástico

Copyright© Flávio Andrade

Corroer o sufixo

e perder-lhe o sentido
e mascar epílogos
para os cuspir a seguir?
Na popa, transpiram rominâncias celestes,
é mais proa!
No fim só uma restia de comes,
por entre o piloso jejum de alfaces rominantes,
soluços dilacerados.
É mais pelo ralo, ralado da forma de inventos.
saborea-se como rebuçados virtuais,
fosso da unha do dedo grande,
da árvore azul ao fundo da escada.
Como atrás do tempo...
Só o cão de fuligem virgem sacode a trituradeira calista.
É algo de sumariamente perpetual!
Ao invés de caroços de seiva debulhada,
a liberdade mastigou-se no andar do poro.
Vem disse o restolho,
permeia-te e sulfura a canção do peito ao hélio.
Era um ou tenaz violante?

Flankus

SANGUE

Copyright© Flávio Andrade

Os vidros batem-se no coalho do armazém.

Arrecada mais uma ó meu!
De traqueia a energética fulminate ou púlpita.
Resfriado de inconscientes, inconsequente.
Zangão ou manifesto epílogo.
Tradicional inventário de uma assentada.
Galochas sumarentas de um intervalo ímpar.
Sabe-se lá quem mais vem?
Ósculos no verde atmosférico, pentagonais.
Borbolhante.
Camisinha de betão ácido inox.
Pois benta a xerox.
Penta é treta ou sebenta.
O Hilário menstruou-se na hora,
agora,
ou na venta.

Flávio Andrade

O PODER

Choram...
Pardais de ninho encucados, perseverança açúcar.
Senta!
O palpitar de diáfonas lacrimais.
Resmunga sobre gritos, latindo madrigais.
Voa para luas e sóis de semente.
Plantando árvores em cima de galhos, o sono leve.
Grita!Grita ainda mais!
Espreme o sumo, é de frescura enérgica e cool.
Pernoita um olhar.
O caranguejo soluça.
O patim come e o musgo é de dor.
Saca lá esse copo.
Folia mora no bairro de cascas de prata.
Salivando tormentos, sorry.
Abocanha por hora e arrefece.
Ladravões inventam truques.
Carava?
Estão aí!

Flávio Andrade

As papas a grunhir

Religiosamente cacarejou sem pito.
Pápa escangalhou e adjetivou o ramalhete.
Lamurias de um tempo morto.
Vamos lá meninos!
Vomitem a alma na árabe disfunção.
Piolhos para que te quero!
Cristianizem-se de poeira ao léu.
Merda!
Cagou o urso do porco que vadia por aí.
E as couves?
São trocados entre grãos de miséria cerebral.
Grunhe sem pensar.
Grunhe apenas.
Nesta pré-história do pensamento nem a alma escapa.
E o espelho?
Ninguém se vê...
Só umbigos vazios.
Que lacuna.
E que Nietzsche disse?
Piedade de cão e sofrimento de porco.
Podre.

Flankus

BARAFUSTA

Escangalha o passo ao de leve.
Vá.
Canetas de piolhos suturam o miolo de pão.
Ao segundo só Douglas.

Quadros de água pesam no cano pessoais.
Sensíveis e descansados, o repolho pirou.
De entre mãos o fio é ou não? chama-se Madalena.
Aterrou no sabugo de copo de lesmas.
Era para findar mas o trólaró não se conteve.
Hulhas de cenouras disseram engasgadas:
-Tritura o abecedário no momentozinho nefasto.
Rendeu-se no porco rosa dos ventos.
Se por sombras carrossel pintou.
O pião jejum ou caramulo do pá.
E pó se cruzou mais abaixo.
Incompreensões e triturações injustiçadas.
Vamos levanta-te e sobe mais alto ácido sebento.
O operário cá te quero.

Flankus

A ERA DO SAPO


Copyright© Flávio Andrade

Na rua permatura uma virtude de voragem.

Rói o entre campos de fértil corrosão.
São pastos de pensamentos líquidos.
Silêncio...é noite.
Nada...só!
Prós de um tempo ovo...
Será?
Pão de gengibre ou martas de vento?
Sacode...sacode mais uma vez e verás...
Hummm queijo de esquecimento ou formiga de asma?
Trás em terra o voo dos cagados de espinhas!
Sento-me recaustando o colateral Bilal.
O troço de penas constroem a árvore da razão.
Mesmo de pernas ao cubo ela transpira sonos jasmins.
Foi uma salobra queda de zuns zuns.
No fim white and black?
I now!
Kitch ou simplesmente faluas de batatas em vão?
Gostei!
E o cão?

Flankus

A CADEIRA REBOLIÇA


Copyright© Flávio Andrade

Gira, gira, cadeira gira,
Gira sem parar...
Gira mundo de satisfação...
Ao
lindo ritmo
e belo do coração.
Espasmos de prazer

rebola
redondamente,
onde gangas, sedas, linhos e lãs,
esperneiam gritos de amor...
Se
rebolar ela podesse
e eu ser ela,
em seus braços
estaria,
agora a amar...
De tanto gira, gira,
a estontear,
ela e eu,
vertemos felicidade... para dar.
Gira, gira, cadeira gira,
Gira sem parar...
Gira mundo de paixão.
Sempre a rebolar.
Entre esferas e engrenagens.
Momentos únicos havemos de decifrar.
As rodas elevam-se em árvore a voar.
Em seus cobertores eu quero viajar,
Nem que tenha de rodar,
sempre, sempre, sem parar...
Gira, gira, cadeira gira,
Gira sem parar...
Gira mundo de fascinação...
Em teus olhos eu irei pousar...

Flávio Andrade

ZUMBA

Gatando gatancia
miau... por dentro e por fora
miau... luz de espinhas ensouteadas pela concumitante cueca,
miau... avermelhada a chinela toucador enroupado,
miau...
Piu piu fez o gato de cocas de trocos
com dentes de molas ao acaso
despiu as cuecas de bolacha e fugiu
entretanto a torrada returquiu:
Sábado de alface era terra de nada
porque a cebola deu um salto no prefixo de faca
amolando o cangalho no prego,
e disse:
" Yes...yes...yes...só...yes...vê lá se cospes esse suco de alho "

Flávio Andrade

A VACA TORRADEIRA

As torradas a rugir
leitamente mugiram...
Cor de vaca mal torrada.
Amanteigaram-se enlatadas.
Pupilando desgastes às pintinhas.
Anelando pela teta a ruminância quente.
Ao sabor dos U2.
Com gilette de gila e sofrego jejum.
Calçando canecas desbotadas e voando pratos pardos.
Os sulcos pensos dilatam lidls pertenções.
Bebendo-as copistas malhadas e conformes.
A réstia bostia.

Flávio Andrade

Suturações


Copyright© Flávio Andrade

Se tombar o mar, a Terra puf!
Palavras xixiantes de um soberbo décimo,
Sem paladar ou odor
Cangalhas depois, era...
Grito!
Kilómetro pueiril só.
Vistos me mágoas...sem ti.
Obviamente sacudiu e descalçou.
Furtíferas zombadelas ao acaso.
Harém hilareante comeu-me a reentrância.
Sabonela de nuvem ao passo.
concomitam desgraças el'pisadas.

Flávio Andrade

PÉ COM CARA DE BORREGO

Acordei
E, senti algo
Destapei-me e
Estaria a sonhar?
Dois olhos um focinho
Não!
Gritei - AH!!!!!!!!!
TINHA UM PÉ COM CARA DE BORREGO!
Um pé com cara de borrego
Com cheiro a chulé
Tresmalhado na calçada
Da incerteza
Começou a divagar:

"Dos prados amarelos de tijolos paranormais
Para onde passei
Nos meus sonhos
Era noite de manhã e o sol nasceu tarde
Ao pé do dedo grande"

Sem tempo
Sem chão sem pé
No mar de flanela
Rangeu o fluxo
Com dentes e orelhas
Escrevendo novas
Com um soluço

E de manteiga saiu
Aquele sorriso esperniante
Ao pé do pé com cara de borrego
Só o dedo médio reflectiu
A incerteza de uma certa confusão
De sobras de lã ao vestes
Mordiscou o repente
E finalizou

Suavemente levantei-me
Sacudi a perna e nada
Pé ante Pé com cara de borrego
Estremunhado

Mexeu as orelhas de cobertor
E...fez méeeeeeeeeeee
Pronto disse eu
Agora é que é
Vou calçar a bota e ver como é
Só que não conseguia
Essa é que é essa
O pé começou a crescer
Crescer, crescer, crescer
E pronto

Estava num rebanho lindo
Com um farrusco ladrando
Em meu pé
Porque tresmalhado era
E rebanho perdera...

FlávioAndrade

Meu Anjo



Copyright© Flávio Andrade

AH...
Nesta incerteza de passagem...
sabugo de espuma
entopido pela casca de noz no umbigo colaterar
faiscas de migalhas misturam-se ventosamente
Pronto.....
Eras tu...ao relento
pedra...foice...
vagem...ou...eclipse
Lua tua sua nua
cheia....
só tu me trazes ...
Árvore estendida num manto de mar doce
ghetos esperneiam...vontades...
as minhas mãos lambem...o vazio
Para falar a verdade...nem terra comem
xiu.....
Saboreia....
O Ó.
e vai...em liberdade.


Flávio Andrade

À beira da lata de comes



Copyright© Flávio Andrade

De tão grande pensamento nada restou,
lágrimas corcomidas vomitou a agonia
rente ao tripé de cabelos
o sono esgueirou-se devagarinho.
Que queres sapo de lixo brilhante?
Foz de gatos em varas de segmentos furados ao virar da esquina,
Calisto desfaz, Zeus perfaz,
e a noite madruga de olho vazio sem cara de gente,
Só a grade manifesta-se virtual ao rabanete de unhas de alguidar.
Por fim a terra vai e sózinho desleixo o patamar do incógnito.

Flávio Andrade

As Agonias da Manta


Copyright© Flávio Andrade

Lá ao cume de sombras esperneiam as linhas.
Ruidosamente translúcidas comidas.
Diz-me sóbria.
Os cascos de yoga transpiram sequestros invejosos.
Mas sobre românticos penedos, eufórica viúva mordeu.
Na tua, rótula diáfano piou.
Santos, era madrigal de sobressalto ao mínimo.
Casa, casa, só amanhã.
Vadia por ti falua intermitente.
Pé arroja suspiros.
Caixa, caixa, depois de há.
A hilariante retórica esvaiu-se em pi.
Para bisnetos muita trance.
Vendados, guloseimas jejuaram.
Atira essa comezinha festeira.
Além depois do vento resumiu-se ao acaso.
Boa hora chegou.


Flávio Andrade

PASSAGEM

Copyright© Flávio Andrade


No carro visceral estradas vagamente sorriam amena isqueiro, trago só.
Parecia impossível crescer assim.
O remoinho dignificava-se meticulosamente.
As palavras surripiavam três dedos de conversa.
No entanto, o silêncio anoitece com o motor de arranque constipado de tanto paladar.
Assim por si, soou o sino em si.
O casaco castanho de veludo lixiviante, parou no ponto 3,14.
A verdade luxúria pasmou ao décimo segundo degrau.
Volta e meia, meia volta, ali.
O que fazem os cágados no terraço cor de pardal?
O saco de alfabetos fugiu também.
É por ele que as alfaces murcham por cima do til.
E cós vão regalando a torbulência fatal.
O soro perpétuou cem, amanhã.
Está a chegar!
Ao pífaro só se pedem figos.
Os papéis arranha-céus carnalmente trincados lavavam-se.
Ao que a rosca se evaporou entre soluços.

Flávio Andrade

A Fuligem Virgem



Copyright© Flávio Andrade
A galhofa hiperbolizante depois do incongruente raspão.
De cachimbo volátil, a chispe trombone.
Vale perdas rápidas incipientes.
Diz lá?
Pequeno réstia de comes.
A sopa amolgou-se suavemente por entre pastagens.
No horizonte, cinzenta recta desapareceu.
Terra, terra!
As moscas em cardume piranhavam trompetas.
No entanto demitiu-te.
Flávio Andrade

8 de março de 2007

Evidência Saudosista

Copyright© Flávio Andrade


Desde quando fósforo não sente frio pela espinha,
a não ser que assobie desde já.
Só que a alface semi serrou os batráquios e pronto, ficou.
Se alguma dúvida existia, acamou-se ao abrigo.
Sempre que nunca, olá.
Pois assim, vidro assediou.
A própria luz emagreceu gritando caracóis de intenso pautar.
Os gatos intrigam-se debaixo de água.
Era a mesma, faísca e toneca pernoitaram.
Volta e meia, rastreio de giz filantropo.
Salvou-se.
É ícaro peludo ou ácaro incondicional.
A minhoca saco mordeu o chão da ruiva.
Re(pressão) paralelista abananou a forma.
Finalmente um AVC .


Flávio Andrade

COÁGULO

Copyright© Flávio Andrade


Um soluço após a tangente,
serás bicharoco ou folha de pedra?
Mesmo assim colheita amestrada pondera.
Ao som de Wagner,
terá vento ou apenas sonolência?... não se sabe.
Vagueia terra firme.
Braços recalcados fundidos entre noites de arena.
Por cima de copas históricas recomeçou.
Vem, vai, um deleite puro.
Roças por lá...
Está em casa!
Sugando bélicos legumes gemidos.
Gosta disso, carpas de limão ao azimute.
O Toddy é ervilha no sangue.
Ah! Motor de arranque!
Sabugo e sola de carvão dizem mais que "nada tem mão".
Jejum irracional come trepas ao descer.
Baloiça vem parar.
E o passeio veste-se de languidos expressos.
As alças uma uva!
Flávio Andrade

Ponta da virgula

Copyright© Flávio Andrade


O apito soa no alto do monte.
O cão sonha a ressaca do velho bêbado.
Na fogueira de ratos em pernas de gente.
Só.
O ritmo das janelas no cão que vê os sonhos em redor.
Fogueira morta de vermes de luz.
Candeeiros destorcidos, betão.
Terras de chamas, almas de cimento.
Ruge o branco na noite negra,
onde cão vomita a merda dos outros.
E sonha ser barata no campo de céu.
O riso abre e espreme a porta.
À fogueira gira cansado dos pensamentos pedintes.
Som, ritmo, som, ritmo...

Flávio Andrade

Circunstância

Copyright© Flávio Andrade

Lá no fundo via-se
Mas o que é que se via?
Ah!
Estou a ver, sim, sim.
Estou a ver.
Muito bem!
Era assim, assim.
Mais ou menos.
Parecido?
Mas será?
Então não vês?
Sim, sim, vejo!
O quê?
Sei lá!

Flávio Andrade

Zum, zum...

Copyright© Flávio Andrade

Para lá de ti,
Eu vejo a palavra,
Do mosquito que sussurra
Tempos vaidosos
Na atmosfera urbana.

Para lá de ti
Eu penso o som,
Do mosquito que vomita
Ruas passadas
Na água benta da saudade.

Para lá de ti,
Eu oiço a imagem,
Do mosquito que grita
Carne picada
No betão de estrume.

Para lá de ti,
Eu sinto a transpiração,
Do mosquito que foge
À morte
Na caixa de Pandora ruminante.

Para lá de ti,
Eu estou cego,
Do mosquito que fede
Perfume
No banco de notas falsas.

Para lá de ti,
Eu imagino nada,
Do mosquito que engoliu
Liberdade
No eco oco da mentira.

Flávio Andrade

Reticências


Copyright© Flávio Andrade

(...A laranja bate à janela no azul do quarto amarelo,
enquanto o branco dos lençois,
sente fome na escuridão da alma negra,
branqueada pelo verde dos sentimentos cor-de-rosa,
avermelhados pela insegurança...)

Flávio Andrade

UNDERGROUND

Copyright© Flávio Andrade

Na mesa, o tabaco onde homens de pão de lata em cinza

conservam o fumo no duche de pedras nuas,

em que os filhos pretos de raiva

misturam ideias vazias no prato de sopa.

AH! Mafalda, Mafalda!

Porque é que não és a janela do umbigo de Dentes ocos.

Palavras, palavras.

Trás! Trás! - Bateu o vento.

Os homens de pão de lata em cinza desataram a gritar:

Foda-se! Foda-se!

A luz da madrugada rompe a escuridão da noite

e os homens de pão de lata em cinza

saltitam no esgoto da mesa a vida.

Sombras de cão que vadiam ao luar

pelo candeeiro que na janela da rua,

os pássaros cagam liberdade.

A noite esvai-se.

E, num soluço é dia.

Flávio Andrade